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Mais um caminho perdido?

Já comentei aqui outras vezes, que não sou contra a ciência. Pelo contrário, sou aficionado por ciência. A essência da ciência vem da observação isenta dos fenômenos. O maior gerador de conhecimento científico é aquele que abstrai seus preconceitos e observa as coisas exatamente como elas são e depois às descreve como entendeu de forma lógica.

Ao longo da história da humanidade, muitos paradigmas foram quebrados por homens capazes de abstrair os preceitos e preconceitos sociais que os rodeavam. Mas é engraçado perceber que até o século XX, os preceitos e preconceitos eram estabelecidos pela religião, mas no alvorecer dessa nova Era que estamos vivendo, a situação se inverteu. As superstições são científicas, enquanto que a fé tenta derrubá-las com argumentos lógicos. Isso é realmente intrigante.

As pessoas cultas, carregam consigo dezenas de opiniões formadas, inquestionáveis por já terem publicadas "comprovações científicas". Essas pessoas são simplesmente incapazes de observar os acontecimentos abstraindo premissas cientificas já adotadas. Elas apenas não veem mais a lógica das coisas. Em vez disso repetem irritantemente a mesma alegação: "foi feito um "estudo" que comprovou tal coisa, blá blá blá...". Mas na grande maioria dos casos elas sequer leram o tal estudo e nem têm certeza se ele realmente existe, pois obtiveram a informação ao ler um artigo de revista, ou jornal.

Atualmente vivemos um dilema louco. O "medo" toma conta do coração de todas as pessoas e a lógica parece ter sido abandonada. Ninguém está tranquilo. Ninguém pode afirmar com certeza que está livre do sofrimento da doença, pois todos temem pegar um resfriado e morrer sem que possam fazer nada para evitar. A maior parte das pessoas têm certeza absoluta que existem doenças simples e assassinas aleatórias incuráveis a espreita pelos cantos, prontas para pegar um desavisado e matá-lo.

Mas eu acho que o "medo" é o mais perigoso do que as tais doenças em si. 

Até mesmo em filmes de ficção que exploram temas filosóficos, como por exemplo Star Wars, fala-se sobre o perigo de se ter medo. O mestre Yoda dizia: -"O medo leva à raiva, a raiva leva ao ódio e o ódio leva ao sofrimento." Ou seja, o caminho para o "lado obscuro da força" começa pelo medo.

No mundo real, o medo faz o homem, que é tão inteligente, abandonar seu raciocínio lógico e agir por instinto. 

Certa vez, ouvi um sábio dizendo que o medo é algo tão forte que nos trava e nos impede de ser humanos. O homem com medo de fazer as coisas, por mais simples que sejam, fica paralisado e imbecil. Ele exemplificou com uma estorinha falando sobre sobre um jovem que brincava sobre o meio-fio da calçada. Aquele cordão de calçada (como é chamado aqui no sul), com mais ou menos 20cm de largura. Uma pessoa pode andar sobre esse meio-fio. Andar num pé só, rodopiar, pular, e brincar sem problema algum e sem temer cair. Mas se essa mesma pessoa estiver na beirada de um edifício com os mesmos 20cm de largura, mas no 10º andar, ela fica travada e mal consegue se mexer. Dificilmente faria as mesmas coisas que fazia no meio-fio, mesmo que ambos tenham exatamente a mesma largura. E o que impede ele de fazer isso, é justamente o medo de cair. Ou seja, com medo, nossa visão das coisas muda e muito.

Voltando à minha adolescência, quando eu ainda era um estudante, lembro-me bem dos anos 90. Final do século XX. Certamente quem viveu essa época, lembra o quão incrível foram as descobertas cientificas e os avanços tecnológicos. 

Durante o século XX vivemos atormentados pelo medo da guerra. Todos viviam receosos, achando que a qualquer momento, haveria uma guerra nuclear e a humanidade seria extinta pela terrível radiação atômica. Era totalmente compreensivo, já que nesse mesmo século ocorreram duas grandes guerras mundiais que foram os conflitos mais horríveis que a humanidade já viu. 

Em compensação a gripe, ou o resfriado eram só isso, uma gripe, ou um resfriado. Temíamos doenças sim, nos anos 50 e 60 ainda temíamos a tuberculose, que matava e ainda mata muita gente, infelizmente. Nos anos 80 surgiu a terrível AIDS, que parecia ser o novo apocalipse. Mas ninguém temia a gripe ou resfriado. As crianças pegavam catapora, piolho, sarampo, caxumba, bicho de pé, coqueluche, e muitas outras doenças contagiosas terríveis, mas a maior parte delas, quando tinham acesso aos cuidados adequados, passavam ilesas por esses infortúnios. O que se percebia é que a doença em si não era um problema, o problema estava nas condições inadequadas em que as pessoas viviam. Mas ninguém temia a gripe, ou o resfriado, até porque existia um velho ditado que dizia, que "ninguém morre de gripe, então se levante e trabalhe!".

Agora nas primeiras duas décadas do século XXI, vivemos um novo e esquisito tempo de medo. As pessoas foram levadas a "temer" de forma quase irracional as mais simples e comuns doenças do mundo. Resfriados e gripes foram elevadas ao nível de "doenças fatais" depois de começarem a matar pessoas com mais de 70 anos pelo mundo todo. Então, sem nenhuma lógica, vemos o mundo científico empenhado em encontrar vacinas e curas para essas doenças simples. Essa busca desenfreada, comercialmente favorável a grandes grupos empresariais e eticamente questionável, têm motivado as pessoas. O medo criado pela mídia fez as pessoas ignorarem coisas óbvias como, por exemplo análise adequada de dados estatísticos. Por exemplo, temos dados que indicam que morrem mais pessoas por efeitos colaterais de analgésicos do que pela dor que elas estavam tentando evitar, mas ninguém percebe o quanto isso é absurdamente idiota se abordado de forma lógica e científica.

Concluindo, vemos que o "medo" bloqueou a visão das pessoas e a ciência, que desde o início da revolução industrial vinha progredindo velozmente, parece estar fadada à ruína. A ciência que hoje foi atribuída somente à medicina, desprezando todas as outras, está afundando em preceitos abstratos inquestionáveis e paradigmas inquebráveis que no passado já derrubaram pensamentos filosóficos e religiosos. O problema é que se a ciência ruir, o que nos restará? Já provocamos a ruína da religião, da arte, da filosofia, agora estamos ruindo a ciência. Se continuar assim, em que nossa civilização poderá se alicerçar no futuro?

Acho que já chegamos no ponto em que uma nova mentalidade é indispensável. Ciência, religião, arte, filosofia, ideologia, vontade, desejo e todas as coisas devem caminhar juntas, antes que os pilares desabem! Até hoje, só vi um mestre expor esse caminho. Apenas Meishu-Sama apresentou uma verdadeira solução para esse dilema. Pena que os homens "temerosos" perdem a chance de conhecê-lo.




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